sexta-feira, 29 de julho de 2011

As Mensagens Escritas em Sangue part. III

                                                  Somente o Começo de Tudo.

   Andando pelo corredor da Mansão Havensoon, com a adrenalina a flor da pele, fui percebendo os detalhes que eu nunca havia reparado antes.
As paredes cobertas de papel de parede que imitava a madeira, á luz de uma tocha, nos fazia perceber pequenos símbolos, aparentemente de Klox, nossa cidade natal. O lar da magia e o leito de todas as criaturas mágicas, que hoje circulam pelo mundo dos Mortais. Era o coração, que pulsava a magia, e o lar que agora eu precisava proteger. Eu não entendia os símbolos, causa de minha precária educação no Templo. Eu precisava de mais do que uma espada para derrotá-lo. Mas era assim que eu estava. Cara-a-cara com o inimigo, o monstro que a muito queria ter poder sobre os dois mundos, fazendo a raça humana ser escrava e os Feiticeiros serem presos em uma câmara de Extração de Poder, a qual só acionada com os cinco elementos e o Livro dos Livros, criado para manter Klox viva. Sem o Livro dos Livros, Klox seria destruída. A Proteção seria quebrada e os dois mundos poderiam ser facilmente dominado pela Espada da Magia, e quem a tivesse só faria o mal. E era só até ai que eu sabia. Só até ai que o Templo permitiu que eu soubesse.
  A luz da tocha tremulava com o vento gelado da presença de Meddox. Era a última coisa que eu gostaria de fazer. Névoa enchia a sala principal da mansão. Era como se uma presença poderosa pudesse me engolir a qualquer momento.
     - Ora, ora, ora. Se não é a a valente Agatha Wright. Pelo o que veio lutar desta vez? - Perguntou Meddox. Sua voz era cortante como uma faca. E o gelo cortante me atingia, penetrava pelos meus poros. Era um frio que nenhum agasalho, aquecedor, ou até o sol poderia curar. Somente o fogo. Aquele era o frio da Morte, que vinha dele.
  Nada falei. Não dava. O frio não permitia.
  Meddox tinha uma aparência medonha. Ele era cinza. Seus olhos eram fundos e sem expressão, quase como feitos de vidro. Ele usava uma capa preta de seda, totalmente explêndida. Preta, coberta por símbolos. Símbolos Protetores, refleti. Seus cabelos eram ralos e castanhos escuros. Grisalhos em alguns pontos. Sinal de obsessão pelo poder. Ele não parecia passar dos trinta e oito anos. Jovem de mais, para uma tarefa fria e pesada.
  Senti meu corpo cedendo ao frio insuportável. Isso, e a perda significável de sangue se juntávam contra mim, travando uma batalha física interna. Ele havia vencido. Sem nem mesmo uma luta justa.
  E com uma última lufada de vento congelante, Meddox desapareceu. Cumprindo seu objetivo: Ele achou a Pedra.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

As Mensagens Escritas em Sangue parte II

  Meu coração dava voltas e voltas dentro do peito. O sangue não parava de gotejar. Eu me sentia fraca. Debilitada, pois era assim que eu estava. Eu havia caído, algo do qual eu nunca me arrependia de fazer. Cair era a única opção.
   Passos.
 Eram a única coisa que eu ouvia. Passos pesados e distantes. Indistintos, como se procurassem algo. A pedra. Era isso que procuravam. A batalha estava apenas começando.
 Tive de me levantar. Era o meu dever nessa batalha. Eu devia proteger a pedra.
 Meu vestido estava coberto pelo meu sangue. De verde esmeralda, estava verde escuro, quase preto, de tão manchado.
Eu estava tonta devido a perda tão grande de sangue. Fui até o quadro que se posicionava em cima da lareira, o afastei, dando lugar agora para um grande cofre cinza opaco, um teclado mágico se projetou, como nas muitas vezes que eu havia feito . Digitei a senha precipitadamente no cofre, que não abriu de cara. Tentei outra vez, minhas mãos estavam tremendo e isso não ajudava muito. O teclado, que antes continha números agora só era uma placa de metal com um furo no meio. A oferta para os Guardiões.
   Sangue. Era isso que precisavam.
 Apanhei um grampo do meu cabelo. Agora todo descabelado e desgrenhado, retirei a parte de borracha e espetei meu dedo. Uma gota indefesa de sangue brotou, vermelha e viva. O meu sangue.
Espremi o sangue no pequeno buraco e logo o cofre se abriu. Retirei de lá a espada Sagrada de Fyllt. Ela era capaz de cortar qualquer coisa. Tanto Mortal, quanto Imortal. E comecei a caminhar em direção ao barulho de coisas se quebrando e caindo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

As Mensagens Escritas em Sangue

                                                             Agonia e Destino.

   Já era noite. Meu coração pulsava de medo e repulsa. Era algo inexplicável. A sensação de estar abandonada e ao mesmo tempo amada era confusa. Até para mim. E nesses ultimos meses eu que pensava que era estranha e confusa. Complicada demais para qualquer um.
   Ouvi um baque no andar de baixo da mansão sombria de Havensoon. Aquele lugar era incomum e assustador. Até demais. Era o que eu precisava: Medo e algo diferente. Que me tirasse da rotina confusa e maluca da minha vida. Mas isso... era uma dose muito maior de medo e suspense do qual eu não esperava.
   Na realidade o que estava acontecendo era tudo, de alguma fora, culpa minha. E eu sabia disso. Mas não era algo de que simplesmente fugir e se esconder. Quem dera que fosse.
  As escadas agora não estavam longe de mim. Eram de madeira e cobertas por um tapete vermelho de veludo sujo com alguma substância preta e malcheirosa que estava respingada em quase toda a escadaria. O que seria? Sangue?
Isso me assustou. Pude ouvir meu próprio coração pulsando mais forte. Pus meu pé direito primeiro na escada, tomando um cuidado desnecessário de não pisar na substância preta arroxeada.
   Outro baque no andar abaixo. Agora só faltavam menos de seis degraus. E então ele me atacou rápido e sem piedade. Senti a lâmina em meu braço esquerdo. Era fria e impetuosa. Mas ele havia errado. E eu não iria desestir sem lutar. Não agora.